quarta-feira, 21 de abril de 2010

Cinzas...

Eu havia corrido sem parar estava cansada, buscava companhia. Algo se estabeleceu...
Segurança...
Ferida, fiquei grata por estarem cuidando de mim. A dor havia diminuído. Um esboço de felicidade voltava a brincar em meu coração.
Busquei os pregos e os coloquei na areia cuidadosamente. Construi meu castelo. Parecia frágil, mas eu não quis acreditar.
Inconscientemente eu temia a tempestade. Resolvi fingir que ela nunca viria. Que a minha dedicação e zelo poderiam superar tudo.
E então fui feliz por algum tempo enquanto as feridas se tornavam cicatrizes e eu ainda acreditava em conto de fadas.
A primeira brisa veio. Era só uma brisa não havia com o que se preocupar. Outras brisas vieram.
Vendaval...
Meu castelo sofreu danos. Mas era mais fácil anular a mim mesmo do que aceitar a mudança. Reparei os danos.
Os ventos continuaram vindo de frente a tudo que eu acreditava. Me forçando a enfrentar o duelo. Eu os ignorei...
Ventanias...
Me ceguei, fui morrendo aos poucos assassinando minha personalidade sem dó alguma.
Não me sentia mais eu mesma, minha alma não brilhava mais... mas eu não ligava meu castelo ainda estava lá.
Os céus escureceram o vento gelado soprou... Sim ela estava vindo. Remendei os pedaços de mim. Um retrato distorcido se formou no espelho. Quem era?
Mas? Mas e se eu sobrevivesse? Então meu castelo, minha segurança ainda estaria lá e eu só iria ter que reparar os danos mais uma vez. Perfeito!
Preparei-me para a guerra e como Dom Quixote parti para enfrentar os dragões.
Derrota esmagadora...
Ali jogada no chão as feridas doíam profundas e em agonia. Imaginei não ser mais capaz de levantar.
Afundei em silencio para agüentar a dor e então encontrei um pedacinho do meu verdadeiro ser. Como uma fera adormecida ele despertou.
Levantei e olhei a minha volta... Vazio... Solidão...Respirei o ar límpido depois da tempestade...
As lágrimas vieram, mas não eram de tristeza e sim de renovação. Devagar voltei a juntar os verdadeiros pedaços de mim.
Construí um barco e me entreguei ao mar. Matei o príncipe encantado. Rasguei o livro de conto de fadas. Joguei a fada madrinha pela janela. Não quero mais viver em castelos de areia.
O que importa é viver minha verdade, pois é só respeitando a mim mesmo poderei viver em paz.

por Leane Rosa