quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Um trem, um cavaleiro, um coração...

Nove e cinco o trem havia chegado. Entrei e me acomodei perto da janela. Que estranho o vagão está vazio... costumava ser tão cheio... nove e dez o trem partiu... e eu imersa em meus pensamentos no balanço do trem.
 Um barulho! O que será? A porta se abriu... Um senhor de cabelos brancos, mas que não parecia tão velho quanto à cor dos cabelos entrou.
- Posso me sentar do seu lado minha jovem?
(Mas que raios não têm ninguém no vagão por que ele quer sentar do meu lado?!)
- Pode.
-Você parece estar pensativa, sobre o que pensa?
(Pronto e lá se vai minha calma viagem de trem)
-Sobre alguns fatores em minha vida.
-Ah! Refletir é sempre muito bom, sempre me sinto melhor quando reflito sobre algo e o compreendo. Sobre o que você está refletindo?
(Mas será o benedito!!)
 Encarei-o com cara de quem você pensa que é? Paralisei. Os olhos dele eram cinza, iguais ao do meu avô... Que calma tinha aquele olhar! Que saudade do meu avô.
-Estava refletindo justamente sobre sentimentos e situações que não compreendo.
-Você gostaria de falar sobre isso?
-Não sei, não conheço o senhor...
-Ah! Mas eu conheço você há muitos anos.
(Meu Deus! Será que eu entrei num trem hospício por engano!?)
-Não eu não sou louco.
Ele sorriu bondosamente para mim. Será que ele lê pensamentos? O sorriso dele era calmo como o olhar e transmitia segurança. Me fez lembrar de alguém que eu não lembro exatamente quem é.
-Acho que penso muito diferente das demais pessoas... não consigo me adaptar a muitas coisas...
-Isso é ruim pra você?
-Não sei, as vezes me sinto bem as vezes não.
-Acho que todos temos um pouco disso.
-Talvez.
-Você está machucada?
-Acho que sim, passei muito tempo acreditando que algo era bom pra mim e depois descobri que não era.
Silêncio. Olhei mais atentamente para meu estranho companheiro.
-Santo Deus! O senhor está sangrando no coração! Precisamos de um médico.
-Fique calma, isso não é um tipo de ferida que médicos resolvam.
-O que?
-O tempo irá curar ela.
-O tempo!?
-Sim o tempo é resposta para muitas coisas.
-Dói bastante? É muito fundo? Quem machucou o senhor?
-Não sei isso quem sabe é você.
-Eu!?
-Sim estou machucado porque você também está.
Silêncio. Mas quem será esse homem? Olhei mais atentamente que antes, buscando detalhes para entender o que estava acontecendo. Ele tinha um porte altivo parecia um cavaleiro medieval. Parecia não ele era! Na sua mão direita segurava uma espada e na outra um escudo. Estava até de armadura. E o coração sangrava... Nossa como eu não vi isso antes!?
-Quem é o senhor?
-Você já sabe quem eu sou.
(To começando a ficar irritada com essa história)
-Tá, vou fingir que sei então.
Ele sorriu de novo. Dessa vez eu retribui.
-Já lutou em muitas guerras?
-Sim, algumas eu ganhei outras perdi... algumas foram fáceis e outras deixaram cicatrizes para o resto da vida.
-Não se cansa disso?
-Não posso é minha vida se eu desistir estarei desistindo de viver. Você está cansada?
-Às vezes eu me sinto como se tivesse vivido muito mais do que minha idade física aparenta. Mas sei que não devo desistir. E não quero.
-Você é mais forte do que imagina.
-O senhor acha?
-Por que duvida de si mesma!?
-Não sei...
É eu realmente sabia quem ele era, mas ao mesmo tempo não.
-Não deveria duvidar.
-Eu sei.
-Então não duvide.
-É difícil.
-Eu sei.
O trem diminuiu a velocidade. Parou.
-Tenho que descer aqui.
-Mas é claro minha jovem.
-Vou voltar a ver o senhor?
-Você sempre saberá onde me achar.
Eu sorri.
-Sim acho que sim.
-Não demore em me visitar novamente.
-Claro que não, posso fazer uma pergunta?
-Disponha.
-Como se chama?
-Self
Adormeci.

por Leane Rosa


*Texto 2

3 comentários:

  1. Engraçado ler esse texto, sinto um Dé Ja Vu... O comentário é breve, sem maiores comentários: Obrigado pelas palavras escritas, obrigado pelas palavras digitadas.

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  2. Le, esse texto tem algo maior que as palavras, me transportou pra cena e me deixou com o coração confortado...foi um texto inspirado.

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  3. Simplesmente lindo minha amiga querida.
    Parabéns pelo o seu Don Divino e continue praticando ele viu.
    Do seu amigo e irmão de sempre.

    André Luiz

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